SÍNDROME DA AMNÉSIA PEDAGÓGICA
Você já reparou quantas visões
diferentes há sobre uma mesma escola? Já parou para analisar a opinião dos seus
colegas sobre seu próprio trabalho? Já trocou ideias com outros trabalhadores
da educação para ver quantas opiniões diversas há sobre o trabalho docente? Há
algum tempo temos percebido as diferentes visões que pairam sobre o sistema
educacional. Para didatizar vamos englobar os grupos, mesmo sabendo que não é
correto fazê-lo, pois sempre há uma exceção à regra.
O primeiro grupo é dos
professores. Esse grupo constitui o corpo docente, professores egressos das
faculdades e universidades e que tomaram nota de uma vasta literatura tanto na
sua área de formação específica (no caso dos professores especialistas) quanto
pedagógica (no caso dos pedagogos). Passaram de 3 a 4 anos lendo e relendo
teorias e conceitos. Fizeram planos de aula, técnicas de ensino e estudo de
metodologias, mas ao chegar à escola fizeram uso do livro didático e do
currículo escolar tal qual uma bíblia ou uma camisa de força. Limitaram-se a
entrar em sala de aula, passar o texto na lousa (ainda que os alunos tenham
livros) e mandar os alunos responderem questões. Em seguida, aplicam a prova
(quando o fazem) e partem para o capítulo seguinte. Seu posicionamento com a
direção é sempre crítico. Acham defeito em tudo: classificam a gestão escolar
como incompetente, omissa, preguiçosa e enrolona, cumpridora cega de ordens do
governo e por aí vai.
professores. Esse grupo constitui o corpo docente, professores egressos das
faculdades e universidades e que tomaram nota de uma vasta literatura tanto na
sua área de formação específica (no caso dos professores especialistas) quanto
pedagógica (no caso dos pedagogos). Passaram de 3 a 4 anos lendo e relendo
teorias e conceitos. Fizeram planos de aula, técnicas de ensino e estudo de
metodologias, mas ao chegar à escola fizeram uso do livro didático e do
currículo escolar tal qual uma bíblia ou uma camisa de força. Limitaram-se a
entrar em sala de aula, passar o texto na lousa (ainda que os alunos tenham
livros) e mandar os alunos responderem questões. Em seguida, aplicam a prova
(quando o fazem) e partem para o capítulo seguinte. Seu posicionamento com a
direção é sempre crítico. Acham defeito em tudo: classificam a gestão escolar
como incompetente, omissa, preguiçosa e enrolona, cumpridora cega de ordens do
governo e por aí vai.
O segundo grupo é da gestão
escolar. Esta dividida entre vice-direção e direção, coordenação pedagógica e
supervisão escolar (englobando aqui todo o núcleo da diretoria de ensino,
secretaria de ensino ou delegacias de ensino – dependendo da região). Este
grupo tem a incumbência de organizar e administrar a escola, desde o projeto
pedagógico, as finanças, prestação de contas, logística, fluxo de alunos e
execução do projeto pedagógico. De formação igual ao do professor em sala de
aula esses profissionais tendem a classificar o professor como enrrolão,
preguiçoso, sem liderança, incompetente na sua função, sem postura e por aí vão
os adjetivos negativos. Obviamente que a percepção daqueles que estão nas
secretarias de ensino (ou diretorias regionais de ensino) é semelhante àqueles
que estão na direção da escola e/ou na coordenação pedagógica, e o sentimento destes
em relação àqueles também é mútuo.
escolar. Esta dividida entre vice-direção e direção, coordenação pedagógica e
supervisão escolar (englobando aqui todo o núcleo da diretoria de ensino,
secretaria de ensino ou delegacias de ensino – dependendo da região). Este
grupo tem a incumbência de organizar e administrar a escola, desde o projeto
pedagógico, as finanças, prestação de contas, logística, fluxo de alunos e
execução do projeto pedagógico. De formação igual ao do professor em sala de
aula esses profissionais tendem a classificar o professor como enrrolão,
preguiçoso, sem liderança, incompetente na sua função, sem postura e por aí vão
os adjetivos negativos. Obviamente que a percepção daqueles que estão nas
secretarias de ensino (ou diretorias regionais de ensino) é semelhante àqueles
que estão na direção da escola e/ou na coordenação pedagógica, e o sentimento destes
em relação àqueles também é mútuo.
Mas enfim, o que acontece para
que exista esse jogo de empurra-empurra? Essa terceirização da responsabilidade
do trabalho? Para melhor analisar este momento vamos lançar uso de um novo
conceito que denominamos como a “Síndrome da Amnésia Pedagógica” (SAP). Esse
conceito, até então desconhecido expressa o esquecimento de uma função, fazendo
o profissional rapidamente cair no trabalho via senso comum, projetando nos
outros os problemas causados pela sua função. Não obstante, esse ainda passa a
trabalhar como um mero reprodutor do sistema cumprindo “sua função”.
que exista esse jogo de empurra-empurra? Essa terceirização da responsabilidade
do trabalho? Para melhor analisar este momento vamos lançar uso de um novo
conceito que denominamos como a “Síndrome da Amnésia Pedagógica” (SAP). Esse
conceito, até então desconhecido expressa o esquecimento de uma função, fazendo
o profissional rapidamente cair no trabalho via senso comum, projetando nos
outros os problemas causados pela sua função. Não obstante, esse ainda passa a
trabalhar como um mero reprodutor do sistema cumprindo “sua função”.
No caso dos professores, esses se
limitam a transcrever aquilo que os manuais indicam. Esquecem-se das
metodologias, não conhecem (ou esqueceram) as tendências pedagógicas, os estudos
filosóficos, sociológicos e psicológicos sobre a educação e/ou a História da
educação.
limitam a transcrever aquilo que os manuais indicam. Esquecem-se das
metodologias, não conhecem (ou esqueceram) as tendências pedagógicas, os estudos
filosóficos, sociológicos e psicológicos sobre a educação e/ou a História da
educação.
No caso do segundo grupo, seu
trabalho limita-se a tocar papel, preencher relatórios, responder estatísticas,
gerar papel e papel, bater carimbos e fazer assinaturas em mais papeis.
trabalho limita-se a tocar papel, preencher relatórios, responder estatísticas,
gerar papel e papel, bater carimbos e fazer assinaturas em mais papeis.
Ao que tudo indica, quando o
sujeito troca de função, tem-se a impressão de que este troca “de caverna”
(fazendo alusão ao mito da caverna de Platão). Em pouco tempo de trabalho na
nova função ele esquece o que aprendeu (ou deveria ter aprendido) na faculdade
e limita-se ao descrito acima (reproduzir “o sistema”) e criticar os outros. Já
o caso do segundo grupo é mais sério, pois os mesmos passaram por um bom tempo
pela experiência da sala de aula e ao sair dela são acometidos da SAP onde
passam a enxergar tudo com bons olhos e terceirizar o problema da educação,
principalmente, aos professores.
sujeito troca de função, tem-se a impressão de que este troca “de caverna”
(fazendo alusão ao mito da caverna de Platão). Em pouco tempo de trabalho na
nova função ele esquece o que aprendeu (ou deveria ter aprendido) na faculdade
e limita-se ao descrito acima (reproduzir “o sistema”) e criticar os outros. Já
o caso do segundo grupo é mais sério, pois os mesmos passaram por um bom tempo
pela experiência da sala de aula e ao sair dela são acometidos da SAP onde
passam a enxergar tudo com bons olhos e terceirizar o problema da educação,
principalmente, aos professores.
Queremos chamar a atenção dos
leitores para esse fato, que é de certa forma corriqueiro no meio escolar.
Demos o nome de SAP ao esquecimento, momentâneo ou não, daquilo que já se fez
ou professou em sala de aula quando da ida para uma função na gestão escolar, ou
da volta à sala de aula. É interessante, pois o profissional nessa situação não
percebe-se dessa forma e, com certeza, nos diria que estamos “viajando na
maionese”. O curioso dessa situação é que todos independentes da função que
exerçam na escola, deveriam remar para um mesmo sentido, de maneira que o
resultado fosse aparente. O que vemos na realidade é que são diversos
remadores, mas que o barco fica virando em volta, pois uns remam num sentido e
outros noutro sentido. Isto porque, no nosso modo de ver, todos estão imersos
no que chamamos de senso comum, sem a coragem de realizar algo novo, diferente.
E qual é o senso comum nesse caso? É que a culpa sempre é dos outros e não
nossa. É a terceirização da responsabilidade. Não podemos e, principalmente,
não devemos esquecer que toda moeda tem dois lados e não são iguais. Se
conseguirmos transcender nossos problemas pessoais e nos percebermos como um
grupo, cujo interesse é a qualidade do ensino, evidentemente o barco irá andar
num sentido apenas. Rumo ao sucesso.
leitores para esse fato, que é de certa forma corriqueiro no meio escolar.
Demos o nome de SAP ao esquecimento, momentâneo ou não, daquilo que já se fez
ou professou em sala de aula quando da ida para uma função na gestão escolar, ou
da volta à sala de aula. É interessante, pois o profissional nessa situação não
percebe-se dessa forma e, com certeza, nos diria que estamos “viajando na
maionese”. O curioso dessa situação é que todos independentes da função que
exerçam na escola, deveriam remar para um mesmo sentido, de maneira que o
resultado fosse aparente. O que vemos na realidade é que são diversos
remadores, mas que o barco fica virando em volta, pois uns remam num sentido e
outros noutro sentido. Isto porque, no nosso modo de ver, todos estão imersos
no que chamamos de senso comum, sem a coragem de realizar algo novo, diferente.
E qual é o senso comum nesse caso? É que a culpa sempre é dos outros e não
nossa. É a terceirização da responsabilidade. Não podemos e, principalmente,
não devemos esquecer que toda moeda tem dois lados e não são iguais. Se
conseguirmos transcender nossos problemas pessoais e nos percebermos como um
grupo, cujo interesse é a qualidade do ensino, evidentemente o barco irá andar
num sentido apenas. Rumo ao sucesso.
É importante dizer que o jogo de
empurra-empurra não vai levar ninguém a lugar algum, e que, se realmente quiser
uma educação de qualidade o professor (independentemente da função que ocupa)
deverá continuar estudando. Precisará sair do senso comum, da sua zona de
conforto, mas se mesmo assim a SAP não for curada, recomendaremos sair da profissão e deixar para realmente quem está
trabalhando com seriedade.
empurra-empurra não vai levar ninguém a lugar algum, e que, se realmente quiser
uma educação de qualidade o professor (independentemente da função que ocupa)
deverá continuar estudando. Precisará sair do senso comum, da sua zona de
conforto, mas se mesmo assim a SAP não for curada, recomendaremos sair da profissão e deixar para realmente quem está
trabalhando com seriedade.
Ivan Claudio Guedes
Geógrafo e
Pedagogo. Especialista em Gestão Ambiental, Mestre em Geociências e doutorando
em Geologia.
Articulista e palestrante.
[email protected]
Geógrafo e
Pedagogo. Especialista em Gestão Ambiental, Mestre em Geociências e doutorando
em Geologia.
Articulista e palestrante.
[email protected]
Omar de Camargo
Técnico
Químico
Professor em Química.
Pós-Graduado em Química.
Técnico
Químico
Professor em Química.
Pós-Graduado em Química.
Para referenciar este artigo:
GUEDES, I. C.; CAMARGO, O. Síndrome da Amnésia Pedagógica. Gazeta Valeparaibana. Ed. 69. Ano IV. Disponível em: http://www.gazetavaleparaibana.com/069.pdf Ago, 2013, p.09.