Aulas melhores
Folha de São Paulo 18/07/2011
Editoriais
Apesar da estridente reação de parcela do professorado, parece correta a iniciativa do governo estadual paulista de dividir as férias do magistério em dois períodos, no meio e no começo do ano.
Em vez dos 30 dias seguidos de descanso em janeiro de que hoje gozam, a partir do ano que vem os professores da rede estadual de São Paulo terão direito a 15 dias de férias em julho e 15 em janeiro.
A medida tem o objetivo de liberar mais tempo para organização e preparo de aulas antes do início do ano letivo, que será antecipado do dia 10 para 1º de fevereiro.
Um dos principais motivos do baixo desempenho dos alunos das escolas públicas em exames padronizados é a qualidade das aulas. Um período maior de planejamento não será a solução mágica para o problema, mas pode ao menos mitigar essa deficiência.
Os resultados ainda são, mesmo sob uma ótica benevolente, medíocres: a média da rede estadual paulista no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), ao final do ensino médio, foi de apenas 3,6 em 2009 -pouco acima da nota nacional, 3,4.
A presidente da Apeoesp (sindicato dos professores da rede oficial), Maria Izabel Noronha, já prometeu “enfrentamento”, até que o governo estadual reverta o desmembramento das férias.
A medida vem após uma série de decisões favoráveis aos professores. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) concedeu um reajuste de 42,2% à categoria, escalonado ao longo de quatro anos. A proposta acaba de ser aprovada pela Assembleia Legislativa.
O governo também alterou a regra de promoção por mérito instituída pelo também tucano José Serra. Antes, só os 20% mais bem avaliados recebiam aumento. Agora, serão todos os que atingirem as notas estipuladas pela Secretaria da Educação.
Mesmo o projeto que divide as férias contém benefícios. O recesso (período em que o docente fica à disposição da escola, ainda que sem dar aulas), antes restrito a dez dias em julho, foi ampliado e passou a incluir outros dez em dezembro. Na prática, os 200 mil professores da rede paulista poderão descansar até 50 dias ao ano, muito mais que em outras profissões.
Tudo somado, houve inegável valorização do papel dos professores na recuperação do ensino. Resultados virão na forma de melhora no desempenho dos alunos.
SEGUE ABAIXO A RESPOSTA ENCAMINHADA AO GOVERNO DO ESTADO http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=215495&c=6#boxComentarios E A FOLHA DE SÃO PAULO [email protected]
Me desculpem!
Que de desculpe aquele que acha que o planejamento vai ser melhor com esse calendário, pois “datas” não são compatíveis com “capacidade”. Entretanto, cabe dizer que particularmente aprovei o calendário (para fins estruturais; – acabaram-se as aulas fantasmas).
Que me desculpe a Sra. Maria Izabel, mas acho que ela deveria estar mais preocupada com outras coisas mais pertinentes a escola e a profissionalização do professor.
Que me desculpe aquele que teve a brilhante ideia de dar 42,2% a categoria EM QUATRO ANOS. Quando o aumento estiver completo, já estaremos defasados novamente.
Que me desculpe quem escreveu o texto acima, pois, dizer que a deficiência do planejamento vai ser miticada, dizer que o professor tem 50 dias de folga, e acha bastante (diferentemente de um Deputado ou Senador), dizer que houve valorização do professor e que haverá bons resultados, significa que o articulista, assim como o Sr. Secretário, a Sra. Presidente do sindicato e o Sr. Governador não andam frequentando a escola pública.