PARA ONDE CAMINHA A HUMANIDADE?
A falta de educação e a banalização da violência são quase sinônimos, na sociedade atual
Depois de algum tempo escrevendo no Jornal Gazeta Valeparaibana sobre a educação formal, nós do “Programa E agora José?” nos vimos, de certa forma, obrigados a mudar o foco da nossa atenção para a educação informal. Necessariamente o que estamos vivenciando é uma generalizada falta de educação
(informal).
Temos visto ultimamente acontecimentos que nos saltam à vista e nos chamam a atenção. Acontecimentos violentos, de pais contra filhos, de filhos contra pais, de estudantes contra estudantes, de estudantes contra professores, de professores contra estudantes… Não dá para negar que alguma coisa vem acontecendo com a sociedade e por mais que se tente entender, o fato é que está difícil encontrar a resposta.
Temos tentado encontrar a razão para a violência generalizada e banalizada. Buscamos resgatar na linha do tempo de nossas vidas e nos acontecimentos recentes respostas que nos satisfaçam e nos ajudem a compreender essa faceta do ser humano.
Algumas pessoas poderão afirmar que a violência sempre acompanhou a sociedade. Desde que o mundo é mundo que a sociedade é violenta e que estamos sendo moralistas. Outras pessoas poderão dizer que é “sinal dos tempos, coisa do demo, apocalipse ou que está escrito na Bíblia”.
Na realidade nós acreditamos que, atualmente, a generalização da falta de educação e da violência gratuita, pode ser compreendida a partir da terceirização de responsabilidades. Deixamos de lado nossas responsabilidades sociais e não nos assumimos enquanto pais, professores, alunos, policiais, etc. Se estamos vendo uma onda crescente de violência é porque não estamos assumindo nossas responsabilidades e estamos deixando para outros assumirem o que nós não fazemos.
Uma vez que a sociedade se mostra violenta e compreendendo que a escola faz parte da sociedade, logo isto estará bem reproduzido no ambiente escolar. Nas escolas pululam casos onde a falta de responsabilidade dos pais é gritante, também é gritante os casos de violência gratuita. Vídeos de brigas nas escolas são diariamente inseridos no youtube como uma diversão. A impressão que se dá é a de que não saímos dos tempos romanos com gladiadores, pão e circo. Mas, pensando em tempos atuais, o que está havendo com a sociedade?
Uma das hipóteses para a perda do pátrio poder dos pais sobre seus filhos é a de que, após a segunda metade do século XX com a inserção da mulher no mercado de trabalho e consequente divisão de responsabilidades no seio familiar, teria provocado uma quebra na responsabilidade para educação das crianças. A mulher deixou de ser a dona de casa para ser a dona da casa, fazendo muitas vezes o
papel de pai e mãe ao mesmo tempo, pois a figura do pai em certas famílias acabou deixando de existir. Isso trouxe uma ruptura da estrutura familiar que se conhecia e que já estava estabelecida até de certa forma, como sólida (pelo menos nas famílias mais tradicionais).
Nessa estrutura antiga a mulher desempenhava um papel de educadora dos filhos, era ela quem mantinha a ordem familiar e ditava, em seu âmbito, as regras morais. O pai, por sua vez, era o mantenedor, aquele que provinha o sustento através do seu trabalho. Com o desenvolvimento da estrutura social moderna, o
filho foi sendo deixado de lado, aos cuidados dos avós, ou de uma creche, ou até mesmo ficam sozinhos com os mais novos sendo cuidados pelos mais velhos. A responsabilidade pela educação das crianças foi terceirizada. Não se tem mais tempo para os filhos e para aplacar a consciência os pais exageram na permissividade (na doce ilusão de não serem pais, mas amigos dos filhos).
Esse assunto extenso, polêmico e controverso precisa ser retomado. Precisa ser melhor analisado. Por isso no próximo mês, vamos tentar contribuir com mais
discussões sobre este assunto.
Este artigo continua em: PARA ONDE CAMINHA A HUMANIDADE II
http://portaldaeducacaoreflexiva.blogspot.com.br/2013/11/para-onde-caminha-humanidade-ii.html
Omar de Camargo
Técnico Químico
Professor em Química.
Pós-Graduado em Química.
[email protected]
Ivan Claudio Guedes
Geógrafo e Pedagogo. Especialista em Gestão
Ambiental, Mestre em Geociências e doutorando
em Geologia.
Articulista e palestrante.
[email protected]
Para referenciar este artigo:
CAMARGO; O.; GUEDES, I.C. Para onde caminha a humanidade? Gazeta Valeparaibana. Ed. 71. Ano IV. Disponível em: <http://www.gazetavaleparaibana.com/071.pdf>, 2013, p. 09.
Caro Ivan Claudio Guedes, lendo a chamada do seu artigo, preciso escrever isto a você. "Depois de algum tempo escrevendo no Jornal Gazeta Valeparaibana sobre a educação formal, nós do “Programa E agora José?” nos vimos, de certa forma, obrigados a mudar o foco da nossa atenção para a educação informal. Necessariamente o que estamos vivenciando é uma generalizada falta de educação
(informal)." Usar estes nomes "educação formal" e "educação informal" ou como outros dizem "educação não formal" é apenas para confundir, para contribuir para perpetuar o atual quadro, que é uma tragédia. Usar o vocábulo "educação" para dizer "ensino" é parte do grande problema que enfrentamos; é falar uma coisa, pra dizer outra. Educação é com a família, com os pais. Escola, professor, é ensino, sistema de ensino. Sempre que falarmos em educação para dizer ensino, estamos estimulando os pais, a que pensem que não são mais responsáveis pela educação dos filhos. Tudo que é jornalista, blogueiro, político, empresário, professor, etc, etc, faz esta confusão. Afinal, todos não querem alunos melhor educados? Então vamos usar as palavras certas, pra responsabilizar quem de fato deve cumprir com esta obrigação. Usar o termo educação, quando falamos do que os pais e a família deve fazer. Usar o termo ensino, quando nos referimos à escola, professor. Espero que me compreenda. ABs.
Claro que compreendo, amigo. O problema é que a educação formal, informal e não formal são conceitos internacionais e estão expressos na legislação. O que nós entendemos como educação e instrução está perfeitamente descrito no livro Professor não é educador. De quaisquer forma, precisamos trazer à discussão aos pais e aos professores seu real papel. Um forte abraço.