O QUE É PESQUISA PARTICIPANTE: Para que serve e como fazer?

O QUE É PESQUISA PARTICIPANTE? Para que serve e como fazer? Veja exemplos concretos, texto explicativo e vídeo para ajudar na sua pesquisa.

Esta postagem vai apresentar o que é pesquisa participante. Aqui você vai entender: o que é pesquisa participante? O que significa pesquisa participante? Como fazer pesquisa participante? e exemplos concretos de pesquisa participante.

Muito cuidado, pois alguns autores tratam a pesquisa participante como sinônimo da pesquisa-ação. Porém, há diferenças e semelhanças entre elas, e é isso que eu vou tratar aqui.

Primeiramente, caso você não saiba o que é uma pesquisa-ação, clique aqui para ver primeiro essa postagem e não se confundir.

Ao elaborar o seu projeto de pesquisa, em que pretende trabalhar com a pesquisa participante, enquanto uma metodologia de pesquisa qualitativa e exploratória é preciso se atentar a alguns critérios. Sendo assim, vamos entender o que é pesquisa participante.

O QUE É PESQUISA PARTICIPANTE?

Primeiramente, a pesquisa participante, como o próprio nome diz, exige a participação ativa do pesquisador, bem como a pesquisa-ação. Porém, conforme Gil, no livro como elaborar projetos de pesquisa, há semelhanças e diferenças.

Pois bem, a semelhança se encontra na interação entre os pesquisadores e os membros da comunidade que está sendo pesquisada. Ou seja, a diferença se encontra no resultado final. Na pesquisa-ação, é obrigatoriamente necessário executar uma ação e avalia-la posteriormente. Na pesquisa participante, a ação não é obrigatória, ainda que seja necessário construir um plano de ação em sua pesquisa, mesmo que teórica (cf. GIL, 2002).

Thiolent (1985) ressalta que toda pesquisa-ação é uma pesquisa participante, mas, nem toda pesquisa participante é uma pesquisa- ação. Isto é, a pesquisa participante nasce da necessidade de conhecer e estudar os problemas da população envolvida, tanto é que essa modalidade de pesquisa começa na América Latina lá pelos anos de 1960, com o crescimento de grupos populares de camponeses, de humanistas cristãos e de grupos marxistas que se integram às comunidades para conhecer e estudar suas demandas e seus problemas.

Não somente, Marconi e Lakatos (2003) classificam a pesquisa participante enquanto pesquisa exploratória. Isso porque trata-se de um processo de investigação de pesquisa empírica, em que o objetivo se encontra na formulação de questões ou de um problema em que se encontra três finalidades:

1. Desenvolver hipóteses;
2. Aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno;
3. Realizar uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos.

QUAL O OBJETIVO DA PESQUISA PARTICIPANTE?

Outrossim, a pesquisa participante, além dos três objetivos já elencados acima, tem como objetivo proporcionar ao pesquisador uma forma de observação participante em que terá o contato direto, empírico, com o objeto de estudo. Portanto, para fazer sua pesquisa, é preciso participar cotidianamente da comunidade, de forma com que observe todos os aspectos necessários.

Marconi e Lakatos (2003), classificam a observação participante em:

1. Natural: Ou seja, em que para fazer sua pesquisa, o observador pertence à comunidade ou grupo que investiga.
2. Artificial: Isto é, em que para fazer sua pesquisa, o observador integra-se ao grupo, por um determinado tempo, com o objetivo de obter informações.

Decerto que, com esta introdução, você já tenha compreendido o que significa pesquisa participante e qual o objetivo da pesquisa participante, certo? Então agora vamos ao passo a passo, de como fazer pesquisa participante.

PROJETO DE PESQUISA – PESQUISA PARTICIPANTE

Semelhantemente, os teóricos dessa concepção de pesquisa, tais como Thiolent (1985), Brandão (1999), Gil (2003), dentre outros,  afirmam que construir um projeto de pesquisa participante não é fácil. Isso porque quando você está inserido no grupo que vai pesquisar, certamente poderá ter tantas variáveis que se tornará muito difícil delimitar com precisão sua pesquisa. Sendo assim, para fazer um projeto de pesquisa, o planejamento dessa metodologia de pesquisa tende a ser muito mais flexível do que na pesquisa-ação.

Todavia lembre-se que em uma pesquisa participante, a coleta de dados será do tipo pesquisa qualitativa. Ou seja, os dados coletados, os itens que você vai pesquisar, analisar e interpretar deverão ser tratados do ponto de vista da qualidade e não da quantidade.

A fim de elucidar melhor esta modalidade de pesquisa, Gil (2003) se baseia nos trabalhos de Lê Bofert (1984) e Gajardo (1984) para apresentar um modelo básico para o projeto de pesquisa. A saber, ele aponta as seguintes fases:

COMO FAZER PESQUISA PARTICIPANTE: Fases da pesquisa

De tal forma que esta postagem não fique demasiadamente longa, estou resumindo os tópicos aqui. Em resumo, a explicação mais detalhada pode ser encontrado no vídeo abaixo.

Com a finalidade de auxiliar na sua pesquisa, Gil (2003) explica que, para fazer a pesquisa participante, são necessárias três etapas.

1. Montagem institucional e metodológica (PROJETO DE PESQUISA):

• Determinação das bases teóricas da pesquisa;
• Definição das técnicas de coleta de dados;
• Delimitação da região a ser estudada;
• Organização do processo de pesquisa participante;
• Preparação dos pesquisadores;

Essa primeira fase é a fase do planejamento do seu trabalho, ou seja, a construção do seu projeto.

2. Estudo preliminar da região e da população pesquisadas

• Identificação da estrutura social da população;
• Descoberta do universo vivido pela comunidade;
• Recenseamento dos dados econômicos e tecnológicos.

Em síntese, essa foi a segunda fase da sua pesquisa. Desse modo, não se esqueça de ver a explicação detalhada no vídeo abaixo.

3. Análise crítica dos problemas

• Descrever o problema;
• Identificar as causas do problema;
• Formular as hipóteses da ação.

Em suma, esta foi a terceira fase da sua pesquisa. Mas, a pesquisa participante ainda não acabou. Então, agora vem a parte final desta metodologia do trabalho científico.

Elaboração do plano de ação:

Lembrando que, para diferenciar-se da pesquisa-ação, conforme o vídeo já indicado, a execução do plano de ação não é obrigatória, mas sua elaboração sim. Então para isso, de forma com que você complete a sua pesquisa, o plano de ação deverá conter:

• ações que possibilitem a análise mais adequada do problema estudado;
• ações que possibilitem melhoria imediata da situação em nível local;
• ações que possibilitem melhoria a médio ou longo prazo em nível local ou mais amplo.

Perceba, pois, que a pesquisa participante não encerra somente com um relatório descritivo e analítico. Portanto, é preciso apresentar um plano de ação, que, por sinal, pode gerar inclusive mais pesquisas. Por isso, esta modalidade de pesquisa é considerada informal e dialética. Sendo assim ela não é uma pesquisa pronta e estanque. Enfim, ela tem vida, ela não para. Ou seja, é dinâmica!

EXEMPLOS CONCRETOS DE PESQUISA PARTICIPANTE

Conforme demonstrado acima, de forma com que você já sabe mais sobre essa modalidade de metodologia do trabalho científico, vamos aos exemplos práticos desta pesquisa qualitativa. Assim, veja os títulos abaixo e clique nos links.

• Pesquisa participante como opção metodológica para investigação de práticas de assédio moral no trabalho.
• A pesquisa participante na formação didático-pedagógica de professores de enfermagem.
• Análise documental e observação participante na pesquisa em saúde mental.
• Notas sobre pesquisa participante e construção teórica.
• Trabalho de campo em geografia: reflexões sobre uma experiência de pesquisa participante.
• Observação participante pesquisa em administração: uma postura antropológica.
• Pesquisa participante: possibilidades para o estudo da escola.
• Pesquisa participante: alteridade e comunidades interpretativas.
• A pesquisa participante: um momento da educação popular.

Ao propósito, caso tenha alguma sugestão de pesquisa participante que você queira compartilhar, indique aqui nos comentários.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, C. R. (Org.). Pesquisa participante. 18. ed. São Paulo: Brasiliense, 1999.

GIL, NA. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1985.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

De maneira idêntica, quer aprender a fazer referências bibliográficas? Em seguida, veja a série de como fazer referências bibliográficas, disponíveis no item 8 deste link.

Um forte abraço

Ivan Claudio Guedes

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