MÉTODO HIPOTÉTICO DEDUTIVO DE POPPER

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 MÉTODO HIPOTÉTICO DEDUTIVO DE POPPER

A LÓGICA DA PESQUISA CIENTÍFICA

 

Método hipotético dedutivo de popper

Método hipotético dedutivo de popper

O método hipotético dedutivo foi definido por Karl Popper a partir das suas críticas à indução. Basicamente, o método hipotético dedutivo leva o pesquisador ao mais alto grau de ceticismo sobre um determinado assunto.  Sobre o método indutivo, recomendo que clique aqui para verificar esta outra postagem e entender os motivos das suas críticas.

Popper entende que a indução não se justifica. Já que partir do particular para a generalização exigiria que a observação dos fatos isolados atingisse o infinito, o que jamais poderia acontecer.

Outro argumento utilizado por Popper é que a indução cai no apriorismo, como também já tratamos na outra postagem que eu acabei de indicar.

Kaplan no livro “A conduta na pesquisa: metodologia para as ciências do comportamento” define o seguinte:

“o cientista, através de uma combinação de observação cuidadosa, hábeis antecipações e intuição científica, alcança um conjunto de postulados (isto é o que se considera como fato conhecido) que governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz ele as consequências por meio de experimentação e, dessa maneira, refuta os postulados, substituindo-os, quando necessário, por outros, e assim prossegue”.

Popper entende que o método científico parte de um problema (P1) em que é oferecido uma espécie de solução provisória ou uma teoria tentativa (TT), passando depois a criticar a solução para tentar eliminar o erro (EE). Assim, este processo seria renovado, dando origem a novos problemas (P2).

Método Hipotético dedutivo: três momentos durante o processo investigatório.

  1. Problema, que surge, em geral, de conflitos diante de expectativas e teorias já existentes.
  2. Solução proposta consistindo numa conjectura (ou seja, numa nova teoria) e a dedução de consequências na forma de proposições que sejam possíveis serem testadas.
  3. Testes de falseamento – tentativa de refutação, a partir de diferentes meios, como a observação e experimentação. É aqui que se eliminam os possíveis erros da pesquisa.

Caso a hipótese não seja comprovada pelos testes, ela estará superada, ou seja, será falseada. Sendo assim, será preciso uma nova reformulação do problema e da hipótese. Caso os testes e experiências confirmem a hipótese, ela estará corroborada. Mas atenção! Corroborada provisoriamente, já que ela poderá ser superada em um eventual outro estudo.

Isso acontece muito quando nós temos a certeza de algo hoje, e no futuro, mediante outras técnicas e outras tecnologias essa certeza seja derrubada. Isso é normal nas ciências. Não existe verdade absoluta e imutável.

Método Hipotético Dedutivo: O primeiro momento do processo investigatório: Problema.

 

Conforme Marconi e Lakatos (2003, p. 95):

A primeira etapa do método proposto por Popper é o surgimento do problema. Nosso conhecimento consiste no conjunto de expectativas que formam como que uma moldura. A quebra desta provoca uma dificuldade: o problema que vai desencadear a pesquisa. Toda investigação nasce de algum problema teórico/prático sentido. Este dirá o que é relevante ou irrelevante observar, os dados que devem ser selecionados. Esta seleção exige uma hipótese, conjectura e/ou suposição, que servirá de guia ao pesquisador.

Método Hipotético Dedutivo: O segundo momento do processo investigatório: CONJECTURA.

 

Ainda conforme Marconi e Lakatos (2003, p. 97):

Conjectura é uma solução proposta em forma de proposição passível de teste, direto ou indireto, nas suas conseqüências, sempre dedutivamente: “Se … então.” Verificando-se que o antecedente (“se”) é verdadeiro, também o será forçosamente o conseqüente

(“então”), isto porque o antecedente consiste numa lei geral e o conseqüente é deduzido dela. Exemplo: se – sempre que – um fio é levado a suportar um peso que excede àquele que caracteriza a sua resistência à ruptura, ele se romperá (lei universal); o peso para esse fio é de um quilo e a ele foram presos dois quilos (condições iniciais). Deduzimos: este fio se romperá (enunciado singular).

 

Método Hipotético Dedutivo: O terceiro momento do processo investigatório: FALSEAMENTO.

 

Por fim, de acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 98):

Nesta terceira etapa do método hipotético-dedutivo, realizam-se os testes que consistem em tentativas de falseamento, de eliminação de erros. Um dos meios de teste, que não é o único, é a observação e experimentação. Consiste em falsear, isto é, em tornar falsas as conseqüências deduzidas ou deriváveis da hipótese. Quanto mais falseável for uma conjectura, mais científica será, e será mais falseável quanto mais informativa e maior conteúdo empírico tiver.

Exemplo: “amanhã choverá” é uma conjectura que informa muito pouco (quando, como, onde etc …. ) e, por conseguinte, difícil de falsear, mas também sem maior importância. Não é facilmente falseável porque em algum lugar do mundo choverá. “Amanhã, em tal lugar, a tal hora, minuto e segundo, choverá torrencialmente” é facilmente falseável porque tem grande conteúdo empírico, informativo. Bastará esperar naquele lugar, hora e minuto, e constatar a verdade ou falsidade da conjectura. Estas conjecturas altamente informativas são as que interessam à ciência.

 

O Método Hipotético-dedutivo Segundo Bunge

 

Para Mário Bunge, no livro “La ciencia, su método y su filosofia”, descrito na obra de Marconi e Lakatos, as etapas do método hipotético dedutivo são:

a) Colocação do problema:
  • reconhecimento dos fatos – exame, classificação preliminar e seleção dos fatos que, com maior probabilidade, são relevantes no que respeita a algum aspecto;
  • descoberta do problema – encontro de lacunas ou incoerências no saber existente;
  • formulação do problema – colocação de uma questão que tenha alguma probabilidade de ser correta; em outras palavras, redução do problema a um núcleo significativo, com probabilidades de ser solucionado e de apresentar-se frutífero, com o auxílio do conhecimento disponível.
b) Construção de um modelo teórico:
  • seleção dos fatores pertinentes – invenção de suposições plausíveis que se relacionem a variáveis supostamente pertinentes;
  • invenção das hipóteses centrais e das suposições auxiliares – proposta de um conjunto de suposições que sejam concernentes a supostos nexos entre as variáveis (por exemplo, enunciado de leis que se espera possam amoldar-se aos fatos ou fenômenos observados).
c) Dedução de consequências particulares:
  • procura de suportes racionais – dedução de consequências particulares que, no mesmo campo, ou campos contíguos, possam ter sido verificadas;
  • procura de suportes empíricos – tendo em vista as verificações disponíveis ou concebíveis, elaboração de predições ou retrodições, tendo por base o modelo teórico e dados empíricos.
d) Teste das hipóteses:
  • esboço da prova – planejamento dos meios para pôr à prova as predições e retrodições; determinação tanto das observações, medições,
  • experimentos quanto das demais operações instrumentais;
  • execução da prova – realização das operações planejadas e nova coleta de dados;
  • elaboração dos dados – procedimentos de classificação, análise, redução e outros, referentes aos dados empíricos coletados;
  • inferência da conclusão – à luz do modelo teórico, interpretação dos dados já elaborados.
e) Adição ou introdução das conclusões na teoria:
  • comparação das conclusões com as predições e retrodições – contraste dos resultados da prova com as consequências deduzidas do modelo teórico, precisando o grau em que este pode, agora, ser considerado confirmado ou não (inferência provável);
  • reajuste do modelo – caso necessário, eventual correção ou reajuste do modelo;
  • sugestões para trabalhos posteriores – caso o modelo não tenha sido confirmado, procura dos erros ou na teoria ou nos procedimentos empíricos; caso contrário – confirmação -, exame de possíveis extensões ou desdobramentos, inclusive em outras áreas do saber.

 

 

EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DE PESQUISAS COM O MÉTODO HIPOTÉTICO DEDUTIVO

 

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About the Author

Ivan Guedes

Prof. Dr. Ivan Claudio Guedes, Geógrafo e Pedagogo. Professor de Geografia na educação básica e Docente do curso de Pedagogia no Ensino Superior Coloca todo o seu conhecimento a disposição de alunos acadêmicos, pesquisadores, concursantes, professores, profissionais da educação e demais estudantes que necessitam ampliar seus conhecimentos escolares ou acadêmicos.

Comments

  1. Ola Professor!!! Tive um problema em uma prova de filosofia, Comunicacao e Etica.
    O Gabarito da minha prova consta indutivo, mas no apanhadao de exercícios encontro com o gabarito em dedutivo. Nao consigo saber se errei ou acertei!
    A Materia que curso considera Indutivo para a seguinte oração (e que caiu na prova): da seguinte maneira: “Você está na universidade há três meses e observou que, toda quinta feira, seu professor de Filosofia propõe um paradoxo a ser resolvido. Após três meses de observação, você pode dizer que toda quinta feira terá um paradoxo de Filosofia a ser resolvido. Que tipo de raciocínio você usa para fazer esta afirmação?”

    Mas a Unidade VII da apostila de Metodologia do trabalho Cientifico considera uma oração como exemplo teórico, e que é muito similar àquela dada na prova, antecedida dos seguintes tópicos: 1 = indutivo, 2 = dedutivo e 3 = exemplo/dedutivo, conforme segue abaixo:
    1 – O tipo de raciocínio em que se faz uma série de observações para, posteriormente, formular uma regra geral é chamado:
    A – indutivo
    2 – O tipo de raciocínio em que se prevê a ocorrência de um evento com base em uma regra geral é chamado:
    B – dedutivo
    3 – Exemplo: Você está na universidade há três meses e observou que, toda sexta feira, seu professor de física faz um teste em aula. Após três meses de observação, você pode dizer que toda sexta feira terá um teste de física. Que tipo de raciocínio você usa para fazer esta afirmação?
    B – Dedutivo

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