MÉTODO FENOMENOLÓGICO:
A FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
A Fenomenologia foi proposta pelo filósofo e matemático Edmund Husserl (1859-1938). Como uma forma crítica de pensar. Ele era contra os métodos positivistas e psicologistas que embasavam as pesquisas em sua época.
O termo fenomenologia já havia sido empregado por Johann Lambert (1728-1777) para falar das ciências sobre as aparências e também por Hegel (1770-1831) em sua ciência sobre a experiência da consciência. Sendo que Husserl se baseou em Hegel para cunhar suas análises.
A fenomenologia pode ser entendida como aquilo que se mostra pelos sentidos. Ou seja, na fenomenologia se estuda a essência das coisas e como são percebidas no mundo.
Portanto a consciência é um ato intencional e a sua essência é a intencionalidade, assim como a significação é o correlato da intenção. Como colocado por Husserl, “toda consciência é consciência de alguma coisa”. A significação que é dada ao mundo ou a realidade é um correlato intencional da consciência; então não há pura consciência separada do mundo. O mundo e a realidade existem apenas para um sujeito, para o Eu, e é ele que lhes dá significado.
A fenomenologia de Edmund Husserl
Husserl era contra os liberais que tinham um pensamento dedutivo ou indutivo (como nós mostramos em outros vídeos). Ele trabalhava com a ideia de subjetividade, propondo a compreensão sobre os fenômenos. Este fenômeno deve ser entendido a partir de um objeto. Mas, que objeto? Para Ribeiro Júnior (1991), “é a coisa enquanto está presente à consciência (…) é tudo o que constitui término de um ato de consciência, enquanto é término do dito ato”. Ou seja, os objetos podem ser reais como uma caneta, fantásticos como a mula sem cabeça ou ideais como a ideia de felicidade ou de amor.
Sendo assim, “no acto de ver o fenómeno puro, o objeto não está fora do conhecimento, fora da ‘consciência’ e, ao mesmo tempo, está dado no sentido da absoluta autopresentação de algo puramente intuído” (HUSSERL, 1989).
A fenomenologia husserliana entende o fenômeno como o que é dado imediatamente à consciência, que é a própria manifestação da realidade, não sendo considerado o seu aspecto subjetivo, não fazendo relação com o ser do qual se percebe o fenômeno e nem ligação com o fenômeno percebido pelo Eu que é sujeito da relação. É a captação da essência pura de algo. Husserl constrói um método subjetivo para se alcançar o mundo objetivo, empírico.
A reflexão, do ponto de vista fenomenológico, deve guiar o pesquisador quando se tratar de colocar problemas, hipóteses e de destacar conceitos com vistas à elaboração teórica.
O que á fenomenologia?
O método fenomenológico consiste em mostrar o que é apresentado e esclarecer este fenômeno, seja ele um fenômeno humano ou não. Para a fenomenologia, o objeto é como o sujeito o percebe, e tudo tem que ser estudado como o é. Como é para o sujeito e sem interferência de qualquer regra de observação, cabendo a abstração da realidade e perda de parte que é real, já que tem como objeto de estudo o fenômeno em si, estuda-se literalmente, o que aparece.
Apesar de a fenomenologia de Husserl considerar a apreensão única dos fenômenos por um sujeito específico, não sendo possível de se efetuar uma generalização desta apreensão – portanto de aspecto anti-indutivo –, deve-se considerar que cada sujeito possui uma carga ideológica, uma visão de mundo, e ao considerar que é possível se atingir a essência pura das coisas, livre de qualquer pressuposto. Ignora-se o fato de que o que pode ser apreendido é aquilo pelo qual a formação que possui o sujeito tende a colocar como realidade. Porém esta realidade, colocada por um sujeito, pode não ser o que aparenta.
A apreensão da realidade – esta sim uma verdadeira essência – pode ser confundida com o que é colocado como verdade, sendo esta a apreensão de um sujeito: uma verdade, para ele ou colocada para ele, que não necessariamente seja a realidade. Verificar os aspectos contraditórios da realidade é fundamental para se entender um fato, um fenômeno ou um processo. O entendimento da gênese dos processos não pode ser atingido pela captação de uma suposta essência pura, e uma essência dificilmente pode ser essencial se não considerar o processo histórico envolvido, precedente.
Discussões sobre a fenomenologia
Em sua obra “Lógica formal e lógica transcendental”, Husserl concebeu a lógica pura ou transcendental como responsável por analisar os conceitos básicos quanto à sua origem e à sua significação. Tratou-as como uma fenomenologia da vivência lógica e dos atos pelos quais são constituídos os seus objetos. Nas pesquisas lógicas estudou os objetos ideais, as categorias e os atos cognitivos principais. Portanto, tratou da constituição dos objetos ideais.
Sendo assim, Boss (1977) afirma que o método fenomenológico deve ser caracterizado pela ênfase ao “mundo da vida cotidiana”. Uma abordagem que não se apega tão somente as coisas factuais observáveis, mas visa penetrar no seu significado e contexto. Este método utiliza-se do procedimento que leva a uma compreensão do fenômeno por meio de relatos descritivos da vida social. Sendo assim, fica pergunta: este enfoque deve ser desenvolvido dentro de uma postura filosófica?
Masini (1989) afirma que a fenomenologia não é um método, mas sim uma postura/atitude fenomenológica. Uma atitude no sentido de estar livre de conceitos e definições apriorísticas do ser humano para compreender o que se mostra, questionando os seus fundamentos.
A pesquisa fenomenológica
É na psicologia que este método tem muito campo de aplicação. Nesta área existe a chamada psicologia fenomenológica. Já que o psicólogo tem que entender como seu paciente enxerga o mundo. Porém, não só na psicologia, mas em diversas outras áreas das ciências humanas este método é aplicado para entender diversos fenômenos dentro de diversos assuntos pesquisados.
Quando você for fazer uma pesquisa fenomenológica estará fazendo uma pesquisa qualitativa. Isto é, uma pesquisa que não será realizada com base em quantificações e estatísticas. Já que você pretende fazer uma busca para a compreensão de um fenômeno particular, não vai precisar se preocupar com generalizações, princípios rigorosos e leis gerais. O foco da sua atenção será centralizado no específico, no particular, no individual. Seu como objetivo será sempre a compreensão pelo fenômeno.
Exemplos de pesquisas com a Fenomenologia (Clique para abrir as pesquisas).
- A Educação Ambiental e a percepção fenomenológica, através de mapas mentais.
- Algumas notas sobre pesquisa qualitativa e fenomenologia.
- A fenomenologia: um enfoque metodológico para além da modernidade.
- Qual o lugar do corpo na educação? Notas sobre conhecimento, processos cognitivos e currículo.
- Uma análise crítica do método fenomenológico e sua relação com as “geografias” humanistas.
Importante um Geógrafo ter um canal como este para divulgar o método fenomenológico. Tenho me aproximado do método utilizando na Geografia e na Educação.
Parabéns pelo canal.
Muito obrigado. Infelizmente não tenho tempo o suficiente para alimentar constantemente o site. De qualquer forma, vamos pesquisando, aprofundando nossos estudos e disponibilizando os materiais.
Um forte abraço
Aula muito bom, bem esclarecedor e orientador para as consultas. Muito Obrigada.