Artigo originalmente publicado no Jornal Gazeta Vale Paraibana, ed. 61 ano VI Dezembro de 2012, p. 9.
http://www.gazetavaleparaibana.com/061.pdf
Quem não se lembra do clássico desenho do Pica-pau em que a bruxa tenta incansavelmente sair voando?
Pois é, quando o assunto é política e investimentos na educação, nos sentimos assim.
O governo queria 7% do PIB (Produto Interno Bruto) em uma carta de intenções, também denominada de Plano Nacional de Educação (PNE) de investimento. Brigaram, espernearam e seguindo a ideia de que “estar com o povo é melhor do que contra”, os políticos aprovaram os 10% do PIB.
Em seguida, a próxima batalha deuse sobre os royalties provenientes do pré-sal. Outra encrenca! A grande massa da população e as organizações sociais a favor de transferir para a educação, já que muitos estados alegam não ter dinheiro para pagar o salário base do professor, mas, ao verificarem o quanto é o montante (algo estimado em aproximadamente R$ 47 bilhões) eles simplesmente rejeitaram a proposta do governo, inclusive os próprios governistas foram contra.
Vamos combinar que, pela mentalidade alheia, a educação não rende tanto quanto o pré-sal. Existem correntes que dizem que esse dinheiro aplicado à educação, que é um serviço, exerceria uma pressão no mercado interno através do aumento do salário dos trabalhadores e que isso acabaria por encolher a indústria. Caracas! Os economistas “viajam na maionese” mesmo.
Nós somos mais simplórios.
Professor bem pago, ensinando tudo que tem direito, em um emprego único, com tempo e dinheiro para continuar estudando, comprando (e lendo) livros, ampliando seu universo cultural e dinheiro para a escola fazer as reformas realmente necessárias, está cheirando a povo esclarecido no final das contas, nada mais do que isso.
Para que correr o risco disso acontecer?
Rejeita-se a ideia primeira, ou seja, dos royalties para a educação e distribuímos entre os estados quer sejam produtores ou não. Isso significa mais dinheiro para os desvios, para construtoras, bancos, marqueteiros e toda a corja existente atualmente. Educação?
Jamais! Se der certo e os alunos pararem de ter rendimentos ridículos, e começarem a discutir política é bem provável que ninguém sobreviva. Sempre defendemos que o problema da educação não é o montante do quanto é destinado, mas como ele é destinado e aplicado (e desviado).
O cerne da questão do dinheiro na educação é a gestão do recurso público. Você, caro consumidor, pagaria 20%, 30% ou 50% a mais em um produto?
Pois é. O sistema público paga.
Por quê?
Teoricamente venceram uma licitação de “melhor preço”.
Além da má gestão do dinheiro, temos um sério problema que é a corrupção. O desvio das verbas públicas
quer seja no âmbito Federal, Estadual ou Municipal. Não bastasse isso nos deparamos com “profissionais da educação” que não se incomodam de receber em casa uma cesta básica de fornecedores de merenda, um reparo de “brinde” em sua casa, uma “gorjeta” para cativar o cliente, etc. como se isso fosse algo normal(??!!).
Não, não é normal! Isso é corrupção.
É suborno para que o fornecedor receba favorecimento numa licitação, ou cobre o preço que lhe convém.
Engraçado que nada disso é fiscalizado seriamente. Dizer que ninguém na rede saiba disso é a mais deslavada mentira. Muita gente sabe, só que ninguém faz nada para melhorar e dar uma cara séria à
educação.
Esse é um exemplo daqui de baixo e, convenhamos, deve haver coisa muito cabeluda se for escarafunchar num nível maior.
A propósito. Como esse ano fomos “bons meninos” já escrevemos nossa cartinha ao Papai Noel pedindo melhores condições de trabalho.
Feliz Natal e um ótimo final de ano.
Ano que vem, lá vamos nós, de novo!
Omar de Camargo
[email protected]
Técnico Químico, Professor em Química.
Pós-Graduado em Química
Ivan Claudio Guedes
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Geógrafo e Pedagogo, especialista em Gestão Ambiental, Mestre em Geociências e doutorando em Geologia.
Articulista e palestrante